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Terça-feira, 15 de Outubro de 2024
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Mito da Caverna

O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo

Henrique Veltman,
Por Henrique Veltman,
Mito da Caverna
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O mito da caverna é uma metáfora criada por Platão, mas vale a pena recordar. O mito consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima dos sentidos. Também conhecida como Alegoria da Caverna ou Parábola da Caverna, esta história está presente na “A República” que discute, essencialmente, a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado ideal. O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos, servindo de base para explicar o conceito do senso comum em oposição ao que seria a definição do senso crítico. Segundo o pensamento platônico, que foi bastante influenciado pelos ensinamentos de Sócrates, o mundo sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos, onde residia a falsa percepção da realidade (hoje, internet,  cinema, televisão, publicidade, tudo para nos vender essa falsa necessidade); já o chamado mundo inteligível era atingido apenas através das ideias, ou seja, da razão. O verdadeiro mundo só conseguiria ser atingido quando o indivíduo percebesse as coisas ao seu redor a partir do pensamento crítico e racional, dispensando apenas o uso dos sentidos básicos. De acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo da caverna. Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam ao redor da luz do fogo imagens de objetos e seres, que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando. Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade. Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna.
No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior.
Deu merda, como diria o Macron. As pessoas que estavam na caverna não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo. Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos, que pode ser representada pelas crenças, culturas e outras informações de senso comum que são absorvidas ao longo da vida. As pessoas ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas (ou outros meios) O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade. 
Assim como aconteceu com o mestre de Platão, Sócrates foi morto pelos atenienses devido aos seus pensamentos filosóficos que provocavam uma desestabilização no “pensamento comum”, ele foi morto para evitar a disseminação de ideias “revolucionárias”. 
O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo.
Tempos atrás, vi uma entrevista do Saramago a esse respeito e fiquei bastante impressionado. Razão pela qual fui buscar o meu exemplar do livro de Platão e me atrevi a escrever esse texto – que como tantos outros, vai dormir nos escaninhos da internet...

hbveltman@gmail.com

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Henrique Veltman,

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Henrique Veltman,

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