A prática esportiva em um ambiente em que crianças e adolescentes passam grande parte do dia oferece aprendizados importantes, como lidar com frustrações, ter domínio próprio, desenvolver autoestima e confiança, além de manter os estudantes mais tempo longe das telas dos celulares. Socialmente, o esporte forma caráter: eles aprendem a ter empatia, disciplina e afloram o espírito de coletividade, habilidades que serão úteis também no mercado de trabalho.
Uma pesquisa publicada no British Journal of Sports Medicine mostrou que crianças que praticam esportes têm melhores resultados em testes de concentração e execução de tarefas, evidenciando a influência positiva da atividade física nas habilidades cognitivas. Além disso, o esporte dá aos alunos um objetivo. A carreira na vida adulta pode parecer distante, mas aperfeiçoar-se na atividade traz uma meta a ser alcançada em curto prazo.
O renomado judoca Henrique Guimarães usou essas práticas das escolas públicas da zona norte, onde estudou, como estímulo e conta que, na sua época de estudante, o esporte era mais valorizado.
“Na década de 70 e 80, o esporte era bem atuante; era obrigatório fazer educação física, e os professores apoiavam as atividades esportivas”.
Henrique competiu em três olimpíadas e, atualmente, é técnico de judô.
Analfabetismo físico
Segundo Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), mesmo com as evidentes vantagens do esporte no ambiente escolar, no Brasil, 65,6% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental não acumularam 300 minutos de atividades físicas na semana, quando o ideal seria 420 minutos, ou seja, 60 minutos diários.
Os números respaldam o alerta da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para o que chamou de analfabetismo físico. O termo é definido como a falta de confiança, competência e motivação para se envolver em atividades de interesse. A solução seria implementar estratégias pedagógicas, sociais e motivacionais para que jovens compreendam o valor da atividade física.
Apesar das orientações da instituição, é notório, especialmente no ensino público, que há uma dedicação maior às atividades intelectuais em classe no momento da divisão de horas por matérias, reduzindo a educação física a, no máximo, duas horas semanais. Sobre esse menosprezo ao ensino físico frente às demais aulas, Henrique Guimarães acredita que é urgente voltar a atenção para o desporto nos colégios.
“O esporte na atividade escolar hoje está bastante deteriorado, mas é uma ferramenta importante de inclusão. Deve haver um apoio maior para que as crianças pratiquem mais, porque isso orienta o jovem e detecta muitos valores para as modalidades”, concluiu o medalhista olímpico.
Comentários: